quinta-feira, março 09, 2006

Cerimônia de Encerramento


Muito bem, agora depois que a poeira baixou, vamos ao balanço final da viagem.

Antes de mais nada, a fatídica pergunta: e ai, Salt Lake ou Torino?

Torino, com certeza, mas achei que teria mais convicção ao escrever isso. Talvez pelo fato de achar que Salt Lake era uma cidade muito parada e que Torino seria mais animada, mas na prática Torino não mudou muito durante o dia e a noite. Ou talvez porque Torino durante o dia parece mais triste por conta da névoa de fumaça que cobre a cidade (a qualidade do ar é horrível, pelo menos durante o inverno).

Ainda assim, Torino é melhor pelo fato das pessoas não aceitarem simplesmente os Jogos do jeito que eles são. Se houve um prejuízo (pequeno) para os cofres públicos, isso foi (incansavelmente) discutido nos anos anteriores e a prefeitura local fez de tudo para melhorar a cidade. Isso sem falar que as obras continuam mesmo depois dos Jogos, o que tornou as Olimpíadas apenas mais um motivo para seguir com as melhorias.

O meu trabalho talvez tenha influenciado um pouco. Ao invés de ficar o tempo inteiro em uma enorme tenda, dessa vez pude ficar no meio da ação, no momento em que ela estava acontecendo, e não apenas acompanhando pela TV. Tanto que deu para ter história para contar quase todos os dias, enquanto a 4 anos atrás os dias pareciam se repetir no final das Olimpíadas.

Mas valeu a pena. Valeu a espera, o esforço para conseguir um lugar para ficar, o tempo de viagem para trabalhar, o frio e a neve (que não estava tão ruim assim), o cansaço, as roubadas, entre outros obstáculos. Podia ser melhor, claro, mas nunca vai existir uma viagem onde tudo deu 100% certo. Talvez por isso sempre dá saudade na hora de partir, desejando voltar o mais rápido possível.

Obrigado aos leitores (fiéis ou nem tanto) que acompanharam durante todo o período. Espero que tenham gostado, apesar de não poder atualizar todos os dias, das notícias e espero que tenha conseguido mostrar como é interessante e divertido trabalhar no meio dessa loucura que virou os Jogos Olímpicos, em especial os de Inverno. Outros 'causos' de outros voluntários eu conto pessoalmente ou só com os próprios.

Antes de encerrar, só duas histórias rápidas que (coincidentemente aconteceram no mesmo dia) servem para ilustrar um pouco o espírito italiano de ser:

1 - A equipe italiana feminina de revezamento do Short Track conquistou uma medalha de bronze depois de uma decisão dos juízes de desclassificar a equipe chinesa, que chegou em terceiro na final, mas acabou atrapalhando a equipe italiana.

Depois da prova, mas antes da decisão final, segundo o jornal 'La Stampa', "O Palavela (ginásio onde a prova foi disputada) enfurecido gritava e vaiava a plenos pulmões. Só faltava Russell Crowe e os leões..."

2 - Na prova de revezamento feminino do biathlon, a Itália começou bem na primeira passagem, mas a segunda atleta italiana complicou-se na hora de atirar. No final, acabou que a equipe italiana terminou lá atrás, mas ainda havia esperança quando chegou a vez da terceira atleta da equipe. Quando ela se aproximou para a primeira série de tiros (5 alvos por série), foi (mais ou menos) assim que o narrador da RAI descreveu a cena enquanto ela atirava:

- Itália 2 acertos em 2 tiros
- Erro da França
- Itália 3 em 3
- Erro da Bielorússia
- Polônia acertou mais uma
- Noruega completou a série
- Itália 4 em 4
- França completou a série
- Erro da Polônia...
...(silêncio)...
- VAI NATHALIE!!!!!!!!!!!!!!!

Ci sentiamo! Arrivederci!

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