quinta-feira, março 02, 2006

Dia 22 (Parte 2): Cesana Pariol (Bobsleigh de 4) - Surreal

Dois dias antes nós conhecemos o André, que era supervisor de Cesana Pariol, onde acontece as competições de Bob, Luge e Skeleton. Ele disse que arranjava uma forma de botar a gente para dentro para ver a prova de Bobsleigh de 4.

Então, logo após o trabalho, fomos os três (Eu, Márcio e Henrique) para ver a prova de Bobsleigh de 4 pessoas.

Depois de alguns desencontros, conseguimos entrar e pegamos uma carona para chegar até a largada.

Os minutos seguintes foram algo quase indescritível, quase surreal. Assim que chegamos ao local de largada, vimos o pessoal do Brasil numa sala se preparando para a primeira descida. Logo depois, chega o Bassan com o celular falando: "Vamos falar agora com o pessoal do Brasil" e lá vai ele esticar o braço para o pessoal da equipe dar uma entrevista de última hora. Enquanto isso, o clima ali perto era selvagem. Todos as equipes que saíam tinham uma torcida, que berrava alucinadamente. Engarrafamento de gente, confusão, de repente, quando eu vejo, está um monte de gente da delegação brasileira entre atletas e dirigentes assistindo a prova em uma TV na arquibancada.

Uns 5 minutos depois, chegou a vez do Brasil. Fizemos a nossa parte, eles partiram e foram descendo a pista de Cesana. Curva 1, 2, 3...,7...12, de repente, na Curva 14 o bob vira e eles vão se arrastando até a chegada.

Ficou todo mundo mudo. Claro que a chance de algum problema muito grave era pequena, mas enquanto ninguém visse os 4 inteiros não se falava uma palavra. Só depois que estava tudo (mais ou menos) bem, é que deu para ficar mais aliviado.

Depois do susto, resolvemos descer e ver a prova do meio da pista. A diferença para a prova de 2 pessoas é impressionante. A começar pelo bob, que é maior e ocupa ainda mais espaço na pista. Por isso, impressiona quando ele vai tão alto.

Mas o público parece ainda mais agitado na prova de 4. Mais torcida, mais animação, mais alegria. Não imaginava que a diferença seria tão grande.

Depois da 2a descida, a única em que eles não caíram, acabei parando na Zona Mista, onde os brasileiros tiravam fotos e davam entrevistas. A imprensa italiana no dia seguinte não perdoou a virada do bob, mas tem uma explicação: o pessoal da equipe da Jamaica, derrotada pelo Brasil nas eliminatórias para os Jogos, é patrocinado pela FIAT e a empresa fez vários anúncios metidos a engraçados com os (atores) jamaicanos. E com a notícia do doping de um dos integrantes da equipe do Brasil, havia a possibilidade da equipe da Jamaica, que estava em Torino para cumprir acordos publicitários, competir na prova caso o Brasil fosse desclassificado. Pode-se dizer que não estavam torcendo por nós.

Mas aqueles minutos na linha de largada foram simplesmente surreais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sem falar da guerra de bolas de neve com os ingleses. Acredito que nós tenhamos vendido - compensamos a inferioridade numérica com a precisão nos tiros.